

Em novo livro, Stuart Schwartz afirma que houve tolerância religiosa no mundo ibérico mesmo em meio às fogueiras da Inquisição. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre a obra e seus novos projetos.
Ao contrário do que se pensa, a Inquisição não transformou em cinza todo pluralismo religioso da época e, mesmo sob o risco da fogueira, a tolerância sobreviveu nos países ibéricos e colônias além-mar. Em seu novo livro, ‘Cada um na sua lei’, o historiador norte-americano Stuart B. Schwartz pretende reparar esta injustiça utilizando não o pensamento de nomes iluminados, mas a despercebida vida cotidiana dos anônimos da época. A obra chega ao Brasil já premiada. No ano passado, por conta do livro, Stuart recebeu o importante prêmio Cundill, um dos mais importantes do mundo na área de História. Publicada pela Companhia das Letras, a edição em português será lançada no dia 17 em São Paulo e dia 19 em Salvador.
O problema da salvação das almas era tão importante durante a Idade Média que foi criada uma ciência para tratar do tema. A soteriologia mobilizou teólogos por anos. Alguns mais ousados desafiavam os dogmas católicos com interpretações consideradas heréticas, como a teoria da apocatástase defendida pelo escritor Orígenes de Alexandria (185-254). Segundo ele, a natureza misericordiosa de Deus redimiria os pecados e salvaria a todos no final dos tempos. Apesar de rejeitada pela Igreja, posições como a de Orígenes contaminaram boa parte da opinião pública europeia durante séculos. Por se ater pouco à vida das pessoas comuns, Schwartz acredita que a historiografia acabou menosprezando a existência de sentimentos de tolerância que se faziam presentes mesmo em uma época na qual predominava a ortodoxia católica.
Texto de Adriano Belisário - Revista de História da Biblioteca Nacional
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