Discreto, pesquisador incansável, com fama de excelente professor, Fernand Braudel iniciou sua trajetória como historiador no final dos anos 1920. Nas duas décadas seguintes viveria fora da França. De início, parte para a Argélia, onde o mar lhe provoca a primeira grande inspiração. O acaso o traz ao Brasil: o suicídio de um professor titular que já havia sido nomeado para o cargo. Traz tanto material de pesquisa que, ao se instalar em São Paulo, precisa alugar um outro quarto de hotel.
Dizia Braudel que “se tornou inteligente” quando conheceu o Brasil. Para entender tal afirmação é preciso, antes, conhecer aquilo que caracteriza sua obra: trata-se, como destaca Corrêa Lima, da busca da longa duração, ou seja, das permanências e das realidades duradouras nos processos históricos, tanto nas relações do ser humano com o meio quanto nas formas de vida coletiva e nas civilizações. No Brasil ele encontrou um país novo, de dimensões continentais e natureza tropical, uma sociedade em formação contrastando com o Velho Continente, que, no entanto, o fazia imaginar o passado distante da Europa.
Essa temporada tropical de Braudel é o tema do estudo do historiador Luis Corrêa Lima, paulista, radicado no Rio de Janeiro, da PUC-RJ, autor de Fernand Braudel e o Brasil – Vivência e brasilianismo (1935-1945), recém-lançado pela Edusp, resultado de sua tese de doutorado pela Universidade de Brasília (UnB), em que analisa justamente o impacto que o país teve sobre o intelectual francês e vice-versa. “Foi no Brasil que ele ‘vestiu a camisa’ da renovação historiográfica preconizada pelos Annales, com um conjunto de intuições que configuraram o seu Mediterrâneo e fizeram dele um grande historiador, ao mesmo tempo original e herdeiro de Lucien Febvre”, argumenta Corrêa Lima.
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